sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Meu batismo de saliva e lágrimas.

Foi hoje.
Mandei Paulo Freire pro inferno, perdi as estribeiras.
Calma, deixa eu explicar.
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Eu detesto gritar com eles, mas, são 40 x 1.
O que fazer? O que você faria?

Cheguei lá na 5ªb, 2 primeiras aulas: corrigi a atividade do dia anterior, e fui ler uma crônica... esperei 20 minutos por silêncio. Mais 10. Mais 5.

Não deu.
Não deveria ter gritado com eles, ter dito que não daria mais aula alí até o final do ano. Enfim, eu me exautei, não posso voltar atrás, mas, voltei.
Combinei com a coordenadora: - você diz que pediu pra eu voltar pra dar aula.

Mas, já era tarde. Eu já tinha começado minha crise nervosa. Fiquei com febre, me sentindo mal.

- por que eu gritei com eles?

Depois de ter ouvido todo o discruso de D. Helder Câmara, e de ter falado e explicado pra eles sobre a diferença entre professor e educador, mesmo eu tendo dito que não gostava de gritar com eles, que "aluno" também é ser humano... por que eu gritei?

Esse foi o meu pecado e meu fado.
Eu agi mais como ser humano que como educador, porém, isso é meio paradoxal, pois, educadores são humanos, mas, não podem agir como humanos?

Preciso conversar com alguns professores da facul, eu não sei bem a resposta.

Eu não queria/quero fazer um blog moralista, cheio de teoreba e cheio de moral e imposição, dizendo como as pessoas que trabalham na escola devem agir.

Eu só sei que no final do dia, eu chorei.
E me disseram que esse era o meu bastimo.
Meu primeiro calo.

Estou refletindo... como resistir sem perder a ternura?
Como amá-los, e, não me ferir com a birra deles?

Como ser humano, sem sê-lo?
Como ser educador, sem ser humano?

Não tenho vergonha não, meu véi.

Eu chorei.


Cogito em pedir desculpas, mas, tenho a impressão que eles vão me trucidar, rsrsrsrs.
A coordenadora colocou-os de castigo durante toda a semana.
Achei meio injusto: criança tem que brincar.

Mas, devo salientar que eles ficaram de castigo por que não me deixaram dar aula e não porque eu chorei. Eu só chorei nas últimas aulas, e eles já haviam largado... e me encarado como o algoz de seus recreios.

* * *

Coloque água no feijão.

- ***! coloque água no feijão que eu vou na sua casa, ter uma conversinha com a sua mãe.

- Vai nada, fessora.

- Ha! ¬_¬'

_ _ _ _ _ _ _ _ na semana seguinte _ _ _ _ _ _ _ _

- ###, porque *** faltou ontem e hoje?

- sei não, fessora!

- ###, tu sabe onde *** mora?

- sei sim.

- bora lá.

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 40 min. depois _ _ _ _ _ _ _ _

###: - ***? ***?

- vai brincar não, tá de castigo!

eu: - ***?

***: FESSORA???????

Eu: :P
_ _ _ _ _ _ _ _ Moral da história _ _ _ _ _ _ _ _


Educadores são super-herois super humanos. o/

Educador x Professor

Professor é
aquele
que professa.
Educador é aquele que trabalha
como profissional na educação.

domingo, 23 de agosto de 2009

Discussão de sala de professor

_______
Nunca gostei muito da sala dos professores: 
- nem quando era estudante, nem agora que leciono.

O problema não reside, específicamente, na sala onde os educadores guardam seus materiais ou onde descansam um pouco. 

O problema reside na hipocrisia das conversas.

Seria tão mais interessante se os educadores falassem o que pensam dos estudantes na frente dos estudantes e não ficassem utilizando-se de subterfúgios como a sala dos professores para falar mal dos meninos.

A educação passa pela humanidade, e essa, pode escolher a educação humanizada.

Sem contar que alguns comentários não passam enm de longe, pelo respeito e pela ética de que deveriam ter: seus conteúdos são totalmente discrepantes com as ideias de educação.

Os meninos, nossas crianças e adolescentes que convivem conosco na escola e na sociedade, merecem todo o nosso respeito e consideração:

a educação se faz pelo exemplo - só pela humanização conseguiremos grandes avanços nas questões públicas e socio-econômicas.

:D

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

1º estágio, 1º dia


"Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa.Todos nós ignoramos alguma coisa, por isso aprendemos sempre".

_paulo freire


Começo assim, meu primeiro post sobre o meu primeiro dia no primeiro estágio.

Minha primeira turma? 5ª série C, quer dizer, eles não gostam de ser chamados de 5ª série C, gostam de serem chamados apenas de 5ª C.

Comecei a estagiar no dia 4 de Agosto de 2009.

Não dormi da noite do dia 3 para a madrugada do dia 4. Era muita emoção, e minha ansiedade só aumentava com o passar das horas, já já seriam 7 e meia, minha primeira aula.

Confesso que descrever tudo que sentí naquele dia será impossível.

Entrei na sala, cogitei falar bom dia. Dei o bom dia.

Expliquei, mecânicamente, como já havia visto tantas vezes meus antigos professores fazerem, expliquei quem eu era, o que fazia alí, etc, etc.

Pedi uma redação sobre "Quem sou eu". Olhando isso agora, me sinto uma idiota, deveria ter feito algo melhor com eles. Foi apenas uma aula, poucos entregaram, não os culpo - a culpa foi do horário: no meu primeiro dia, já substituí um professor que não se encontrava na escola.

Da 5ª C, rumei para a 5ª A.

Não menos barulhentos, e tão vivos quanto a 5ª C: Aliás, todas as minhas 5ª séries são vivissímas.

Os amo e admiro por isso.

Na 5ªA, enfrentei meu primeiro obstáculo: mudar de sala, pois, o outro professor iria exibir um vídeo. Nos mandaram para a menor sala, com uma turma de quase 40 alunos. Nossos corpos fisícos não couberam alí: então, matemáticamente, você pode deduzir que nossas essências também não. Fomos para o pátio - Levamos as cadeiras, os cadernos e nosso primeiro encontro se deu lá, no meio da escola. Eles fizeram a redação do "Quem sou eu". Ainda faltava alguns minutos para o intervalo, eram 2 aulas, as MAIORES da minha vida. Você pode imaginar quanto uma hora e 20 durou pra mim? Sim, você pode.

Eles são crianças, assim que concluíram a tarefa e já que estavam no pátio, começaram a correr e brincar. Essa parte foi o Ó: entre a cruz e a espada, porque, não era a hora do recreio e, com a brincadeira havia o barulho e a algazarra, incomodando as outras turmas (que também queriam ir brincar) e por outro lado, tendo sido nós mudados de sala para uma sala menor, minha noção de espaço me dizia que eu não poderia pedir que eles, simplesmente, ficassem sentados e amarrotados na minúscula sala...

Então, uma colega me chamou e me disse:

- sempre que trazemos os meninos pra cá pra fora, fazemos alguma atividade de leitura.

Oh, uma ideia de um anjo.

- Valeu!

- Você pode pegar aqueles livros que estão na sala dos professores.

- 'brigadão, valeu mesmo!

Vivi quase silênciosamente esse momento.

Foi bom ouvir um conselho bom, não me esquecerei mais dele.

Ok, ~i n t e r v a l o~.

Não há água na escola, e eu só descobri isso no intervalo.

Na verdade, de fato, existe bebedouro - porém a água não é confiavél:

Mas, os alunos tomam.

Ah, só devo alerta-los que isso é a realidade do ensino público.

Vivemos na realidade nos fatos, marginalizados pela burrocracia.

Mas, não culpe nínguem,nem perca o seu tempo. Leve sua garrafa, e dê o melhor de si nas aulas: você pode estar dando aula para o proxímo presidente, e não saber disso.

[o futuro não é um dado dado. - paulo freire]

Fui para a 5ª B.

Eu já estava exausta.

Minhas últimas aulas seriam lá. Débilmente, solicitei a redação.

Débilmente, eles disseram: 'Fessora, VAMOS BRINCAR DE FORCA!

Entendi: últimas aulas, não apenas eu estava exausta.

Brincamos e, foi o fim do primeiro dia.

* * *